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domingo, 27 de maio de 2012

Salmo 159 – A palavra de Deus é espada de dois gumes

Aquele que proclama a Cristo como Senhor e salvador dos homens está com os altos louvores de Deus em sua garganta. Falar de Cristo aos homens é o mesmo que ter a espada de dois fios nas mãos "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração" ( Hb 4:12 ).
1  LOUVAI ao SENHOR. Cantai ao SENHOR um cântico novo, e o seu louvor na congregação dos santos. 2  Alegre-se Israel naquele que o fez, regozijem-se os filhos de Sião no seu Rei. 3  Louvem o seu nome com danças; cantem-lhe o seu louvor com tamborim e harpa. 4  Porque o SENHOR se agrada do seu povo; ornará os mansos com a salvação. 5  Exultem os santos na glória; alegrem-se nas suas camas. 6  Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e espada de dois fios nas suas mãos, 7  Para tomarem vingança dos gentios, e darem repreensões aos povos; 8  Para prenderem os seus reis com cadeias, e os seus nobres com grilhões de ferro; 9  Para fazerem neles o juízo escrito; esta será a glória de todos os santos. Louvai ao SENHOR.

Introdução
Tornou-se consenso que louvar a Deus é entoar uma melodia harmoniosa e ritmada com um conteúdo sacro. Seria este o louvor que Deus requer dos homens?
Se observarmos os elementos que constituem as poesias dos salmos, vê-se que a rima e o ritmo são ausentes e, o que se tem é uma cadencia de ideias relacionadas regidas por asserções (afirmações) simples.
Apesar de os salmos serem empregados como componente litúrgico, eles vão além de uma oração cantada e acompanhada de instrumentos musicais, pois o valor dos salmos não está nos canticos, instrumentos ou na melodia.
É de conhecimento que os salmos possuem uma estrutura que estabelece uma ‘rima’ de pensamentos, ideias, nunca de sons, ritmo ou rima, e tal estrutura é denominada paralelismo. Dos paralelismos mais conhecidos temos:
a) Paralelismo Sinônimo – A segunda asserção repete o pensamento da primeira, porém, utiliza-se de termos diferentes. Ex: "Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam" ( Salmo 24.1 );
b) Paralelismo Antitético – A segunda asserção contrasta a ideia da primeira. Ex: "Pois o Senhor conhece o caminho dos justos; mas o caminho dos ímpios perecerá" ( Sl 1:6 );
c) Paralelismo Sintético – A segunda asserção enfatiza o estipulado pela primeira. Ex: "Não te furtes a fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo" ( Pv 3:27 );
d) Paralelismo Climático - A segunda asserção faz uso de palavras da primeira asserção e complementa a ideia. Ex: “Tributai ao SENHOR, filhos de Deus, tributai ao SENHOR glória e força” ( Sl 29:1 );
e) Paralelismo Emblemático – A primeira asserção estabelece um comparativo que ilustra a segunda asserção. Ex: "Como água fria para o sedento, tais são as boas-novas vindas de um país remoto" ( Pv 25:25 ).
Os diversos tipos de paralelismos são utilizados para compor ou evidenciar uma ideia, que geralmente constitui uma instrução, uma profecia, uma repreensão, um exemplo, etc., ao povo de Israel.

Análise das asserções
1  LOUVAI ao SENHOR. Cantai ao SENHOR um cântico novo, e o seu louvor na congregação dos santos.

O salmista convoca os santos a cantarem o louvor que pertence a Deus: o cântico novo. O louvor proveniente da congregação dos santos é denominado de cântico novo. Através do paralelismo sinônimo fica estabelecido que ‘tributar’ ao Senhor o cântico novo é o mesmo que ‘seu louvor’, sendo que o ‘cântico novo’ só é possível no ajuntamento solene dos santos.
Para compreendermos a ideia que consta do verso 1, é necessário analisar os versos que se seguem.

2  Alegre-se Israel naquele que o fez, regozijem-se os filhos de Sião no seu Rei.
Temos um paralelismo sinônimo, visto que a ideia da primeira asserção é repetida na segunda, porém, com termos diferentes. Através do princípio da identidade pertinente à lógica este salmo demonstra que ‘aquele que fez (criou) Israel’ é o ‘rei de Sião’.
Por associação, devemos questionar quem é o Rei de Sião? Ora, em primeiro lugar, Jerusalém é a cidade do grande Rei "Formoso de sítio, e alegria de toda a terra é o monte Sião sobre os lados do norte, a cidade do grande Rei" ( Sl 48:2 ); "Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei" ( Mt 5:35 ). Em segundo lugar, o Filho de Davi, o Senhor Jesus Cristo é o grande Rei, pois foi o Pai quem o ungiu sobre o seu santo monte "Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião" ( Sl 2:6 ); “E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há; Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer” ( At 4:24 -28).
Cristo também é nomeado de Senhor da glória, o Senhor que fez os mares e a quem a terra pertence "Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória. (Selá.)" ( Sl 24:9 -10).
Portanto, o profeta Davi insta com os filhos de Sião que se regozijem em Cristo, o grande Rei. Que se alegrem naquele que criou a Israel! Aqui é apresentado um dos aspectos da divindade de Cristo: Criador! Cristo é criador de todas as coisas “Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” ( Jo 1:2 -3); "Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor" ( Rm 1:4 ).
O profeta Jeremias faz alusão a Cristo como sendo o renovo justo da linhagem de Davi e, por ser rei, reinará ( Jr 23:5 ). Nos dias do renovo justo, Judá será salvo e o próprio Deus há de nomeá-lo: O Senhor Justiça Nossa "Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA" ( Jr 23:6 ). Este é o mesmo posicionameno do escritor aos Hebreus ao interpretar o Salmo 45: "Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de eqüidade é o cetro do teu reino" ( Hb 1:8 ). O que Deus diz do Filho? Deus chama o Filho de Deus, de modo que os eu reinado subsiste pela eternidade! ( Sl 24:1 -10).

3  Louvem o seu nome com danças; cantem-lhe o seu louvor com tamborim e harpa.
O cântico entoado a Cristo deve ser expressão do espírito, alma e corpo, a dança representa este aspecto do louvor. Que cantem o louvor de Deus com instrumentos musicais. Este verso remete à ordem de Davi: “BENDIZE, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome” ( Sl 103:1 ).

4  Porque o SENHOR se agrada do seu povo; ornará os mansos com a salvação. 5  Exultem os santos na glória; alegrem-se nas suas camas. 6  Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e espada de dois fios nas suas mãos,
Neste verso vem expresso o motivo do cântico: - O Senhor se agrada do seu povo! Do verso temos a negativa: Deus não se agrada daqueles que não são o seu povo. Para ser o povo de Deus é necessário ter sido criado por Ele, conforme se lê: "Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto" ( Sl 100:3 ), o que nos remete a asserção do verso 2: “Alegre-se Israel naquele que o fez, regozijem-se os filhos de Sião no seu Rei”.
Como o povo de Israel não confiou em Deus rejeitando que Deus lhes falasse, por receio de morrerem quando o monte Sinai começou a fumegar “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel” ( Ex 19:5 -6), esta profecia cumpre-se cabalmente na Igreja de Cristo, que é constituída a nação santa e o povo adquirido "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" ( 1Pe 2:9 ).
O povo de Deus se constitui daqueles que foram agraciados com a salvação, ou seja, os mansos. Os mansos são bem-aventurados, pois adentraram no descanso do Senhor. São bem-aventurados porque aprenderam de Cristo que é manso e humilde de coração ( Mt 11:29 ). Os mansos constituem-se o povo de Deus, visto que estão ornados de salvação.
O povo de Deus é manso e santo, portanto, deve alegrar-se na glória recebida de Cristo "E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um" ( Jo 17:22 ; v. 9). Os santos do Senhor devem exultar porque adentraram no descanso (cama, repouso) prometido ( Hb 4:3 ).
É requisito imprescindível aos santos que os altos louvores de Deus estejam na garganta. O que isto significa? Que os altos louvores refere-se ao fruto dos lábios que professam a Cristo ( Hb 13:15 ). Diz do fruto dos lábios que Deus criou ( Is 57:19 ). Cristo, o Filho de Davi, é o cântico novo que Deus colocou nos lábios dos seus santos "E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação" ( Ap 5:9 ).
Através do paralelismo emblemático, o salmista estabelece que ‘os altos louvores de Deus’ compara-se a uma espada de dois fios nas mãos dos seus santos. É por isso que o apóstolo Paulo ao falar dos obreiros, recomenda que sejam aprovados, ou seja, que manejem bem a palavra da verdade "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" ( 2Tm 2:15 ).
A espada de dois fios diz da espada do Espírito, das palavras de Cristo, que é espírito e vida "Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus" ( Ef 6:17 ; Jo 6:63 ), de modo que a Igreja de Cristo constitui-se de santos despenseiro do ministério do espírito  ( 2Co 3:6 e 8 ).
Aquele que proclama a Cristo como Senhor e salvador dos homens está com os altos louvores de Deus em sua garganta. Falar de Cristo aos homens é o mesmo que ter a espada de dois fios nas mãos "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração" ( Hb 4:12 ).
Quando proclama Cristo como diz as Escrituras, os seus santos estão entoando louvores a Deus. Basta ao povo do Altíssimo batalhar pela Fé que uma vez foi dada aos santos que está adorando a Deus na beleza da sua santidade ( Jd 3). Basta desembainhar a espada do Espírito, manejando bem a palavra de Deus que o homem está adorando em espírito e em verdade.
O evangelho é salvação para todo que crê, portanto o cristão deve exultar com o evangelho. O cântico, o louvor, a exultação, a adoração do cristão não se firma em cânticos entoados durante a liturgia dos cultos, antes decorre do que professa acerca de Cristo. Os cânticos liturgicos expressam a alegria da alma do adorador e, se for uma composição segundo as Escrituras, estará anunciando Cristo aos homens, porém, o verdadeiro louvor restringe-se ao que o homem professa de Cristo com sua boca "A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo" ( Rm 10:9 ).
Todos que estão ligados à Videira verdadeira produzem muito fruto, ou seja, o fruto dos lábios que confessam a Cristo ( Hb 13:15 ). É através deste fruto que Deus é glorificado "Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos" ( Jo 15:8 ); "E todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado" ( Is 60:21 ); "Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém" ( 1Pe 4:11 ).
É inútil afinar instrumentos musicais; de nada serve fazer inúmeros ensaios musicais; não adianta estruturar um grande coral; nem tão pouco o gritar ‘aleluia’ e ‘gloria’, se o adorador não professar a Cristo como Senhor conforme diz as Escrituras ( Jo 7:38 ). Mas, se professar a Cristo segundo as Escrituras, nisto Deus é glorificado! O fruto consiste em confessar a Cristo com a boca, quando se crê com o coração ( Lc 6:45 ).

7  Para tomarem vingança dos gentios, e darem repreensões aos povos; 8  Para prenderem os seus reis com cadeias, e os seus nobres com grilhões de ferro; 9  Para fazerem neles o juízo escrito; esta será a glória de todos os santos. Louvai ao SENHOR.

Para encerrar o salmo enfatizando a pessoa de Cristo Jesus, o salmista profeticamente faz menção do Messias quando vindicar o seu reino dado pelo Pai (v. 7 e 9). Cristo como rei em toda a terra há de pisar o lagar da ira de Deus, conforme o descrito pelo profeta Isaias no capítulo 63, versos 1 à 6. Cristo atropelará os povos na sua ira, pois Ele é o braço do Senhor, que faz o que é aprazível ao Pai ( Is 62:5 ). Estes versos retratam o tempo em que Cristo será nomeado pelo Pai de 'Senhor Justiça Nossa' "Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA" ( Jr 23:5 -6).
Como Deus prometeu ao Seu Filho as nações da terra por herança ( Sl 2:8 ; Mt 19:28 ), Cristo há de reger as nações com vara de ferro ( Sl 2:9 ). Nada do que foi predito por Deus falhará, pois Deus fará cumprir nos reis da terra e em seus nobres o juízo pré-estabelecido nas Escrituras (v. 9 ).

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