O
Julgamento Diante do Trono Branco (Apocalipse
20:11-15)
Os
últimos versículos do capítulo 20 descrevem uma cena de julgamento de destruição
dos mortos. A santidade de Deus não aceita a impureza daqueles cujos nomes não
foram achados no Livro da Vida. Esta cena deve ser interpretada primeiro no seu
contexto do castigo dos inimigos dos santos nos tempos próximos à data da
composição do Apocalipse, mas tem valor, também, para a nossa instrução
sobre o julgamento de Deus.
20:11
– Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença
fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles.
Vi
um grande trono branco e aquele que nele se assenta: O trono branco
aparece somente aqui, mas a idéia do julgamento divino aparece em diversos
textos no Antigo e Novo Testamentos. O trono mostra o domínio, e branco
representa a santidade. Muitas vezes, encontramos declarações de justiça
divina contra indivíduos ou povos aqui na terra. Outras vezes, a imagem é do
julgamento final. Muitos interpretam este trecho como o julgamento final, e
certamente algumas das idéias apresentadas aqui poderão ser aplicadas ao
julgamento final. Mas, como temos feito desde o início do nosso estudo deste
livro, devemos procurar primeiro a aplicação no contexto antes de fazer outras
aplicações dos princípios aqui ensinados.
Mais uma
vez, a cena de Daniel 7 ajuda. O Ancião de Dias preside o tribunal que abre os
livros e condena o insolente chifre do quarto animal (Daniel 7:8-11). Na
interpretação da visão, os santos possuem o reino, o quarto animal (Roma) os
persegue, mas “se assentará o tribunal
para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim”
(Daniel 7:26). Com esta base, devemos aplicar o julgamento do Apocalipse 20
primeiro aos servos da besta que perseguiam os santos.
De
cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles:
Mais uma maneira de frisar a santidade de Deus. A criação não pode ficar
diante da perfeição do Santo Deus. As criaturas corruptas, incluindo os mais
poderosos dos governantes, não teriam condições de ficar em pé diante do
Senhor. Numa segunda aplicação, a vinda do Dia de Deus no final dos tempos
causará que a criação seja desfeita (2 Pedro 3:11-13).
20:12
– Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do
trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi
aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se
achava escrito nos livros.
Vi
também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono:
A tendência de muitos comentaristas é ver aqui a ressurreição no último dia
e o julgamento final. A Bíblia claramente ensina que haverá uma ressurreição
de todos e um julgamento “perante o
tribunal de Cristo” (2 Coríntios 5:10; João 5:27-29). Neste
trecho, podemos ver alguns princípios que aplicam-se ao julgamento final, mas
parece-me mais coerente fazer a aplicação inicial no contexto da derrota do
diabo e seus aliados perseguidores. O paralelo com Daniel 7 continua a nos
orientar, sugerindo que o contexto do governo romano, o quarto animal, ainda
determina a aplicação principal.
Os mortos,
neste caso, seriam aqueles que se dedicavam à besta. Não há menção aqui de
galardão para os fiéis, somente de condenação dos ímpios. Na “primeira
ressurreição” (20:5), os
adoradores do Cordeiro foram exaltados para reinar com ele. Aqui, podemos ver
uma segunda ressurreição – dos adoradores
da besta, os grandes e os pequenos (cf. 13:16), que serão condenados com
ela.
Então, se
abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos
foram julgados, segundo as suas obras,
conforme o que se achava escrito nos livros.:
Há uma distinção aqui entre os livros e o
Livro da Vida. Os livros, evidentemente, representam o registro dos atos
deles e mostram a justiça do julgamento de Deus (cf. Daniel 7:10), enquanto o
Livro da Vida representa uma lista dos salvos
(cf. Daniel 12:1; Filipenses 4:3; Apocalipse 3:5; 13:8; 17:8; 21:27).
20:13
– Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos
que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras.
Deu
o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que
neles havia: Nenhum morto foi isento deste julgamento. Até os ímpios
entregues à Morte e ao Inferno (6:7-8) são apresentados para o julgamento.
Deus tem domínio, e ninguém consegue proteger os mortos do julgamento dele.
E
foram julgados, um por um, segundo as suas obras: Os servos da besta são
julgados da mesma maneira que todos serão julgados no último dia (2 Coríntios
5:10). Deus é justo, e dará a cada um segundo as suas obras.
20:14
– Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo.
Esta é a segunda morte, o lago de fogo.
Então,
a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo: A Morte
e o Inferno são inimigos de Deus, mas são dominados, utilizados e vencidos
pelo Senhor. Existem vários sentidos ou contextos em que Jesus vence a morte e
o inferno (a palavra grega aqui é hades – região dos mortos). No
passado, ele a venceu na sua ressurreição (Atos 2:24-31; Romanos 6:9; 2 Timóteo
1:10). No presente, os servos fiéis participam da vitória sobre a morte
(Romanos 8:2,38-39; Hebreus 2:15; 1 João 3:14). No futuro, a morte é o último
inimigo a ser vencido (1 Coríntios 15:26). Aqui, em relação à guerra do dragão
e suas bestas contra os santos, a morte e o inferno são derrotados e lançados
no lago de fogo.
Esta
é a segunda morte, o lago de fogo: O vencedor é isento desta morte
(2:11; 20:6). Ele participa da vida que há em Cristo Jesus. O lago de fogo já
foi representado como lugar de castigo perpétuo (20:10).
20:15
– E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado
para dentro do lago de fogo.
E,
se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para
dentro do lago de fogo: Não há menção de nenhum justo diante do trono
nesta cena. Tudo indica que este julgamento é limitado aos servos da besta.
Nenhum deles será achado no Livro da Vida, onde estão escritos os nomes dos
adoradores do Senhor. Os ímpios, aqueles que se submetiam à besta, são lançados
no lago de fogo. Participam da segunda morte. Ainda existe o Livro da Vida. Há
esperança, ou melhor, há segurança para os servos fiéis que não se
prostraram diante da besta. Esta cena de julgamento diante do grande trono
branco complementa a figura dos santos vitoriosos no início do capítulo. Se os
adoradores da besta gozavam de alguma vantagem durante um período curto nesta
vida, os adoradores do Senhor têm a garantia da vantagem final e eterna. Que
consolação!
Conclusão
As
almas debaixo do altar pediram a vingança divina. Deus prometeu que julgaria os
perseguidores, mas na hora por ele determinada. Nos capítulos 18, 19 e 20, ele
mostrou a sua fidelidade por meio de visões de julgamento e castigo. A meretriz
Babilônia, a besta do mar, a besta da terra (o falso profeta), o dragão e
todos os seus colaboradores foram julgados. No final dessa história, somente os
servos fiéis ao Cordeiro podem ficar. E para esses fiéis – aqueles que têm
os nomes escritos no Livro da Vida – ainda resta a promessa da glória eterna
na presença do Senhor. Vitória absoluta e total!
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