O calvinista Phil Johnson fez o seguinte comentário ao livro de Efésios, capítulo dois, versos um a três: “Observem de perto o que ele diz ali: Toda pessoa não regenerada está espiritualmente morta, andando de acordo com Satanás, sendo por natureza filha da ira. Nós nascemos neste mundo como completos pecadores - não simplesmente um pouco manchado pelo pecado, mas completamente, desesperadamente, em escravidão a ele. Todo aspecto de nosso ser - mente, emoções, desejos, e até mesmo nossa constituição física - é corrompido, controlado, e desfigurado pelo pecado e seus efeitos. Ninguém escapa desse veredicto. Nós somos totalmente depravados” Phil Johnson, Maus até os Ossos, artigo publicado no Site Bom Caminho, tradução de Juliano Heyse, título original: B-b-b-b-bad to the bone, Blog Pyromaniacs (grifo nosso).
Neste pequeno parágrafo o Sr. Johnson nomeia a
condição do homem sem Cristo de ‘totalmente depravados’, ‘completos
pecadores’. Para descrever a condição de sujeição ao pecado ele utiliza
as seguintes palavras: todo, completos, desesperadamente, totalmente,
etc. Até mesmo a constituição emocional e física do homem é descrita por
Johnson como sendo corrompida, controlada e desfigurada pelo pecado.
Analisemos o comentário do Sr. Phil Johnson à luz da bíblia.
Princípios Bíblicos
A bíblia demonstra que o melhor dos homens é
comparável a uma sebe (cerca) de espinhos e o mais reto dos homens
comparável a um espinho, ou seja, todos os homens gerados segundo Adão
são pecadores "O melhor deles é como um
espinho; o mais reto é pior do que a sebe de espinhos; veio o dia dos
teus vigias, veio o dia da tua punição; agora será a sua confusão" ( Mq 7:4 ).
Não importa as questões morais, físicas ou
psíquicas do homem: tanto o melhor quanto o mais reto dos homens são
igualmente pecadores (comparáveis a uma cerca de espinhos ou a um
espinho) por serem gerados participantes da natureza caída de Adão.
Todos os homens ‘germinaram’ de uma semente corruptível (espinheiro), a
semente de Adão.
Outra figura que ilustra esta mesma realidade foi
exposta por Jesus no famoso Sermão do Monte. Os homens quando nascem
entram por uma porta larga (Adão) e seguem por um caminho largo que os
CONDUZEM à perdição. Jesus demonstrou que, para o homem ver-se livre de
tal condenação é necessário nascer de novo ( Jo 3:3 -7; Mt 7:13 -14).
Aplicação Prática
Compare o que a bíblia diz acerca destas quatro
pessoas e aponte qual delas era mais (ou menos) pecadora (segundo Phil,
depravados)?
- Nicodemos, que era mestre, juiz, judeu e um religioso exemplar, e que, portanto, representava o melhor que a sociedade à época dispunha no comportamento e na moral ( Jo 3:1 );
- A mulher samaritana, por ter convivido com cinco maridos e o que ela tinha não lhe pertencia ( Jo 4:18 );
- O paralítico do tanque de Betesda, que ficou à beira do tanque por trinta e oito longos anos ( Jo 5:5 );
- O jovem rico: apesar da religiosidade e cumpridor dos ‘mandamentos’, apegado a sua riqueza.
Embora não fosse dado à promiscuidade, Nicodemos
não estava em uma posição melhor diante de Deus, se comparado à condição
da mulher samaritana. Percebe-se que, diante de Deus, tanto Nicodemos
quanto a mulher samaritana precisavam nascer de novo.
Do mesmo modo, tanto o Jovem rico, cumpridor dos
mandamentos, quanto o paralítico, que passou trinta e oito anos deitado à
beira do tanque, haveriam de perecer, caso não se arrependessem. Ora,
quem era ‘mais’ pecador: o paralítico ou o jovem rico? Que ‘depravação’
há em ficar trinta e oito anos à beira do tanque de Betesda esperando um
anjo agitar as águas? Como poderia o jovem rico ser completamente
depravado, se ele era cumpridor dos mandamentos?
Porém, o que se observa diante da mensagem do
evangelho, é que, tanto o paralítico no tanque de Betesda quanto o Jovem
rico precisavam arrepender-se, pois ambos, de igual modo pereceriam,
caso não se arrependessem “Não, vos digo! Antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis” ( Lc 13:5 ).
Considerações Essenciais
Alguns judeus pensavam que os galileus que foram
mortos por Pilatos, cujo sangue foi misturado aos sacrifícios que eles
realizavam, eram mais pecadores que todos os outros galileus ( Lc 13:1
-5). Por que os judeus chegaram a esta conclusão?
Segundo a concepção deles, os galileus eram
pecadores por serem gentios. Porém, havia um agravante: estavam
sacrificando aos ídolos. Como o sangue dos galileus que foram mortos foi
misturado ao sangue do sacrifico que ofereciam aos ídolos, concluíram
que padeceram tais coisas por serem mais pecadores que todos os outros
galileus.
Porém, Jesus afirmou que os galileus que foram
mortos não eram mais pecadores que o restante dos galileus por terem
sido mortos, antes, todos eles haveriam de perecer de igual modo, caso
não se arrependessem.
Para ilustrar seu ensinamento, Jesus os fez lembrar
a queda da torre de Siloé, que ficava em Jerusalém. Não é porque
dezoito pessoas morreram na queda da torre, que eram mais pecadoras que
os moradores de Jerusalém.
Como os judeus se consideravam filhos de Deus por
serem descendentes de Abraão, acabavam por apontar as catástrofes
envolvendo outros povos como sendo resultado do pecado, porém, esqueciam
que também eram sujeitos as catástrofes.
Com base no alerta que Jesus deu, percebe-se que os
judeus acreditavam (por serem descendentes de Abraão) que estavam em
uma condição melhor diante de Deus, se comparados aos galileus que foram
mortos por Pilatos.Mas, Jesus demonstrou que todos os homens precisam
mudar de concepção acerca de como se alcança a salvação de Deus
(arrependimento), pois se não mudarem de conceito, igualmente perecerão (
Lc 13:1 -5).
Este evento em particular demonstra que é uma
concepção humana, desprovida de respaldo bíblico, apontar qualquer
evento catastrófico, enfermidades, calamidades, deformidades, etc., como
sendo provenientes ou causados pelo pecado.